Domingos Catarino 1928-2020
Faleceu Domingos Catarino, natural do Couço, preso pela PIDE em 18-01-1961. Domingos Catarino era trabalhador agrícola e foi a sua participação, como militante do Partido Comunista Português, nas lutas dos assalariados rurais pela conquista das 8 horas de trabalho nos campos que levou à sua perseguição pela polícia política.
«É a partir dos anos de 1957 e 1958 que a luta pelas 8 horas ganha um maior desenvolvimento com a multiplicação de reuniões e plenários com dezenas e centenas de trabalhadores, por muitas localidades do Sul. Vilas e aldeias como Avis, Benavila, Alcórrego, Montargil, Sousel, Campo Maior, Montemor-o-Novo, Escoural, São Cristóvão, Lavre, Cabeção, Mora, Vendas Novas, Bencatel, Montoito, Couço, Coruche, Alpiarça, Grândola, Alcácer, Palma e Comporta, Alvalade, ermidas, Aljustrel, Ervidel, Baleizão, Pias, Vale de Vargo, Serpa, apenas para relembrar algumas, são vilas, aldeias e outras localidades, que tiveram papel decisivo na discussão, na organização, no desenvolvimento e direcção da histórica luta das 8 horas.» A conquista das 8 horas de trabalho no campo seria conseguida no final de 1962, após grandes lutas dos trabalhadores do Sul que mobilizaram perto de 200.000 trabalhadores, homens e mulheres. António Gervásio. «O Militante» nº 259, julho/agosto, 2002.
Domingos Catarino foi condenado pelo Tribunal Plenário de Lisboa a 2 anos de prisão maior, com suspensão dos direitos políticos por 25 anos e na medida de segurança de internamento indeterminado, de 6 meses a 3 anos, prorrogável. Cumpriria 6 anos de cadeia, obtendo a liberdade condicional em 02-02-1966, convertida em definitiva apenas em 15-12-1970. Domingos Catarino conheceu os cárceres do Aljube, Caxias e foi transferido para a Cadeia do Forte de Peniche em 31-10-1962, onde cumpriu a pena.
Após o 25 de Abril de 1974, Domingos Catarino foi um dos impulsionadores pela atribuição da Ordem da Liberdade à Vila do Couço em 2000, pelo Presidente da República Jorge Sampaio.
O seu nome está inscrito no Memorial de homenagem aos presos políticos, no Museu Nacional Resistência e Liberdade – Fortaleza de Peniche.
O Museu Nacional Resistência e Liberdade – Fortaleza de Peniche endereça à família de Domingos Catarino as suas profundas condolências.