A exposição “Por Teu Livre Pensamento” resgata momentos marcantes da história contemporânea – a repressão e a violação dos direitos humanos pela Ditadura Militar e o Estado Novo, a Guerra Colonial, a Resistência ao Fascismo, o 25 de Abril e o Regime Democrático – a partir da memória do lugar, a Prisão de Peniche.
Uma grande homenagem aos presos políticos, às suas famílias, à população de Peniche e aos milhares de mulheres e homens que, ao longo de quase meio século, sacrificaram a liberdade e a vida na luta contra o fascismo, pela Democracia.
Ficha Técnica
Sala Polivalente, Parlatório, Capela de Santa Bárbara e Fortim Redondo ou "Segredo"
PreçoEntrada livre
Mais informaçõesA exposição “Por Teu Livre Pensamento” constitui-se como momento inaugural da missão que consiste em fazer nascer, na Fortaleza de Peniche, o Museu Nacional Resistência e Liberdade.
Trata-se de um ato profundamente simbólico, a marcar a abertura ao público de um projeto museológico ímpar, que tem desafiado a Direção-Geral do Património Cultural em múltiplas e entusiásticas frentes, abraçadas por uma equipa vasta e multidisciplinar de qualificados profissionais dos nossos quadros.
O 15º Museu Nacional perpetuará a memória da resistência à ditadura e afirmar-se-á como espaço de homenagem à árdua e sofrida luta travada em nome da Liberdade e dos Direitos Humanos no nosso país, durante 48 longos anos de repressão.
Constituir-se-á, também, como fonte de conhecimento e de reflexão sobre valores humanistas que, sendo matriciais, são contudo facilmente perecíveis ao sabor dos ciclos da História.
Ao retratar o sofrimento do que é não ser livre, sequer para pensar, ultrapassamos o campo da memória e apontamos claramente para o futuro. Este Museu lembrar-nos-á sempre que a mais valorosa conquista de abril de 1974 – a Liberdade – continuará a ser o que não queremos, nunca mais, perder.
Foi mediante consenso generalizado que, em 2017, o atual governo aprovou um plano de recuperação da Fortaleza de Peniche para nela instalar um Museu Nacional. E a Assembleia da República defendeu, em plenário, da esquerda à direita, a requalificação e a preservação da sua memória histórica, enquanto ex-prisão política da ditadura.
É com assumido orgulho que estamos a posicionar Portugal na rota internacional dos monumentos e museus que celebram os Direitos Humanos. No tempo conturbado em que vivemos, a chamada de atenção para essa conquista torna-se quase um imperativo ético, e é seguramente uma questão de cidadania. Posteriormente foi criada a Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICOM), responsável pela elaboração do guião expositivo do Museu, que integra entre os seus membros alguns dos ex-presos de Peniche, a par de outras reconhecidas personalidades. Ao seu incansável labor e meritória dedicação se deve o desenho da exposição “Por Teu Livre Pensamento”.
Se por um lado trabalhamos com um distanciamento histórico confortável, na medida em que já passaram 45 anos desde os acontecimentos que nos propomos narrar em discurso museológico, por outro lado temos o enorme privilégio de enriquecer a nossa tarefa com os contributos de muitos dos que viveram aquele período e estiveram nesta prisão.
Conciliar estes dois fatores é uma circunstância rara e feliz, portanto eu diria que este Museu não poderia ter nascido nem mais tarde nem mais cedo. Ele vai nascer, rigorosamente, no tempo certo.
Sabemos que o Património Cultural, sendo memória, nunca chega a ser, simplesmente, passado. Ele pertence sempre ao tempo presente, porque dele faz parte e nele participa. E, por essa ação, inscreve-se no tempo futuro. Essa é a grande mística do Património: pertencer por inteiro a todos os tempos.
A Fortaleza de Peniche é exemplo vivo desta dinâmica. Trata-se de um conjunto patrimonial notável, que começou por ser uma fortificação militar, depois foi prisão política e agora renasce num uso distinto, enquanto espaço de cultura e memória. Entendamos, pois, esta exposição como luminosa alvorada de um “dia inicial, inteiro e limpo”.
Paula Araújo da Silva
Diretora-Geral do Património Cultural